MUSTAFÁ, O GATO.
Despedir-se de alguém não é uma tarefa das mais fáceis,
principalmente se esse alguém é um ser que amamos. Ai vem a dor da perda, da
ausência, o luto necessário para que possamos acordar um dia, respirar fundo e
seguir em frente.
Após oito anos, Mustafá, o gato, nos deixou neste domingo (
23 de março ). Depois de uma luta terrível
de conseqüentes crises renais, algumas internações e duas cirurgias, ele
agora teve o merecido descanso, próprio dos guerreiros. Mustafá era um felino persa
preto, com pelos cinza no pescoço e olhos
cor de mel. Tinha medo de gente(risos), mas amava quem o acolhia com carinho,
com afeto.
Mustafá foi um presente dado pelo Vô Fernando Araújo para
minha June Prado. Mas nos últimos anos, ele aproximou-se mais de mim. Não sei
se pela atenção que lhe dava ou porque eu cuidava dele como Mustafá queria. Só
sei que sua ausência no meu espaço e na minha vida está doendo muito.
Estou sentindo falta de dar “bom dia,meu amor”, dele ao meu
lado deitado no chão enquanto eu tomava o café da manhã. Muitas vezes, Mustafá
ficava entre meus pés.
Vou sentir uma saudade enorme de quando ele me acordava de
forma muito peculiar. Mustafá mordia levemente meu dedão do pé(risos), não
tinha como ficar acordada. Ou quando, na madrugada ele saia da área de
serviço,pulava a janela, entrava no meu quarto,me dava um baita susto.Mas era
só pra abrir a porta para que ele tivesse acesso aos demais espaços da casa.
Eu o tratava como uma pessoa. Sim, uma pessoa ou ninguém ouviu
falar em Psicologia Animal? Eu conversava com Mustafá, brigava quando ele fazia
alguma bagunça, colocava-o no colo, o acarinhava feito uma criança, levava-o no
médico, no banho e na tosa. Havia tanto afeto entre nós que, muitas vezes, ele
deitado em minha cama, eu fazia carinho na cabeça dele e quando eu parava por
algum motivo, ele batia a pata na minha mão ( risos ). Era seu jeito de me
dizer “por favor, faz mais carinho”. Certa vez comprei uma bolinha super cara
para ele brincar, mas não adiantava, Mustafá preferia as de papel mesmo ( risos
).
A sala de jantar da minha mãe também está mais vazia. É...
Mustafá era um eterno apaixonado pela mesa de vidro e por uma fruteira de
cristal que decorava a mesma. Na mesa ele se “espalhava” em algum canto, dormia
o sono dos felinos,parecia um tapete. A fruteira ele a adotou como o segundo
melhor lugar do mundo para dormir porque o primeiro era o meu quarto.
Sem qualquer réstia de dúvida, Mustafá está provocando
saudades em mim, na June, na minha mãe e irmãos. Ele foi bem cuidado até “viajar”,
não foi abandonado quando adoeceu, nem ficou sem afeto e sem amor. Sofremos
juntos,mas cada ser vivo tem sua hora de partir. A dele chegou agora em março de
2014. Gostaria de agradecer imensamente aos jovens médicos do Hospital
Veterinário da UFPI: Dra. Fabiane, Dr. Filipi, Dr. Robson. E também à
enfermeira Luzinete. Obrigada sinceramente pela partilha de vocês para que
Mustafá não tivesse uma sobrevida, mas uma vida normal para qualquer gato.
Quanto a mim, vou ficando por aqui. Dos olhos escorrem
lágrimas de saudade, de boas lembranças, de troca de carinho. Mas o coração
está sereno, certo de que Mustafá está em paz,porém em outro plano!!
Por Suzana Prado